Negócios
20/04/20162016 será um ano de planejamento para o setor de hotéis
Jogos Olímpicos e Paraolímpicos devem movimentar o segmento durante os próximos meses

"Mesmo que o cenário econômico esteja ruim, o empresário precisa viajar", diz a presidente do Conselho Executivo de Viagens e Eventos Corporativos (CEVEC), da FecomercioSP, Viviânne Martins.
(Arte/TUTU)
Um ano para esquecer. É assim que Manuel Gama, presidente do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB) e da rede Travel Inn, refere-se ao período de 2015 para o mercado nacional de hotelaria. Pressionada pelo aumento dos custos, a receita do setor não teve força suficiente para ampliar a lucratividade, resultando em uma perspectiva de desempenho pior do que a esperada anteriormente pelo FOHB.
Os números de 2015 ainda não foram consolidados, mas, segundo uma prévia levantada pelo Fórum, a expectativa é de queda na ocupação em 15 das 16 localidades consultadas. A previsão para a diária média também é de retração no ano em questão, em dez dos 16 locais analisados. Com o desempenho desses dois indicadores, o RevPAR (“receita por quarto disponível”, em português), que une ambos, caiu em 15 cidades. Considerando as previsões levantadas, o FOHB espera que o setor encerre 2015 com queda de 6,9% na taxa de ocupação, de 7,2% na diária média e de 13,2% no RevPAR.
"Do ponto de vista hoteleiro, 2015 não foi um bom ano. Estamos muito prudentes com as expectativas, basicamente por causa da situação econômica, a instabilidade política e o aumento gradativo do desemprego. Isso faz com que as pessoas não consumam, as empresas não invistam e os bancos não emprestem, o que deixa o País estagnado", comenta Gama.
Ano de planejar
Mesmo com 2015 marcado por pressão econômica e índices amargos, o mercado hoteleiro espera que, em 2016, o setor dê passos para nos próximos anos já recuperar o motor do crescimento.
“Para compor a receita, são necessários dois ingredientes: taxa de ocupação e diária média. Se os preços baixarem muito e a taxa de ocupação aumentar, a probabilidade é de prejuízo. Manter os preços com queda na taxa de ocupação é a melhor opção dentro do caos, como o de hoje", explica Gama. Para ele, o ideal é ajustar os valores, pelo menos seguindo a inflação.
Efeitos dos esportes
Os jogos da Copa do Mundo no Brasil, apesar de terem sido positivos para dar visibilidade ao País e movimentar o turismo, deixaram como reflexo, em algumas localidades, a oferta excessiva de hotéis. "Com a Copa, houve vantagens para as cidades-sede, o que entusiasmou um pouco mais os investidores, que captaram o recurso e foram construindo hotéis, gerando superoferta em algumas praças", explica Manuel Gama.
Os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, que acontecem neste ano no Brasil, também devem gerar movimento no setor, estima Gama. "Tenho a impressão de que os Jogos Olímpicos respingarão mais no restante do País, mesmo sendo focado no Rio de Janeiro. Muita gente vai querer conhecer o resto do Brasil, a exemplo do Nordeste, que deve se beneficiar muito. São Paulo se beneficiará só um pouco. As Olimpíadas serão uma excelente experiência para o Brasil, sendo muito boa para o Rio de Janeiro e, também, para o interior", comenta.
O impacto do corporativo
O maior cliente do mercado hoteleiro brasileiro é o corporativo, já que mais da metade das hospedagens em hotéis no País se dá por conta de viagens de negócios. Nos últimos anos, o crescimento do setor corporativo tem arrefecido, segundo a Associação Latino Americana de Gestores de Eventos e Viagens Corporativas (Alagev). A variação anual passou, por exemplo, de 13,86% para 9,20% entre 2013 e 2014.
Apesar de os números de 2015 não estarem disponíveis até a data de fechamento desta edição, dados preliminares da Alagev apontam que a receita obtida pela cadeia de viagens corporativas caiu 2,97% no primeiro semestre de 2015. A estimativa global do crescimento nominal das receitas dos Indicadores Econômicos das Viagens Corporativas (IEVC) chega a 4,88% no período. Segundo o gerente-executivo da associação, Paulo Amorim, a inflação e o câmbio pressionaram o setor. "As empresas ficaram mais seletivas e seguraram o volume de viagens."
De acordo com a presidente do Conselho Executivo de Viagens e Eventos Corporativos (CEVEC), da FecomercioSP, Viviânne Martins, se a economia vai mal, as viagens de negócios também diminuem. "Mesmo que o cenário econômico esteja ruim, o empresário precisa viajar. Se não tenho volume de vendas nem vou atrás de clientes, então não abrirei novos mercados e irei falir", pondera.
Segundo Viviânne, o que muda é o gerenciamento dessas viagens. "Na crise, as empresas analisam suas políticas de viagens e dão um downgrade em tudo, seja em passagem aérea, seja em hotelaria. O gerenciamento começa a ser feito com lupa. As viagens têm um orçamento mais enxuto, refletindo diretamente em passagem aérea e hotelaria", explica.
Dinamismo no setor
Para fazer esse gerenciamento de demanda, uma opção para as empresas tem sido garantir hotéis para os executivos conforme a real necessidade. Um exemplo é a hospedagem fracionada, com hospedagem de algumas horas. "Muitas empresas estão reduzindo o orçamento para viagens corporativas. Somado a isso, com o momento difícil, os hotéis nos fins de semana estão operando com aproximadamente 30% de ocupação, e 50% ao longo da semana. Nossa proposta vem na contramão da crise, porque traz um dinheiro novo para os hotéis com hóspedes que não iriam antes. É uma ferramenta complementar de venda para os hoteleiros", explica o CEO do HotelQuando.com, Max Campos.
O site, no ar há pouco menos de um ano, mostra para o cliente quais hotéis vendem pacotes de hospedagem de três, seis, nove ou doze horas. A presidente do CEVEC, da FecomercioSP, vê com bons olhos a alternativa. "Essa é uma ótima oportunidade para gerenciamento de demanda na crise", cita Viviânne.
Clique aqui e leia a matéria na íntegra, publicada na revista Conselhos.
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